sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Qualquer coisa

Numa tarde de domigo, Midas resolveu tocar a minha insossa vida carioca.
Lembro cada detalhe. A data inclusive, como se fosse hoje.
Sozinhos em casa e sem hora previsão de ninguém chegar. Ele, estudando. Eu entro no quarto e digo:
- Estudar não dá futuro (risos)
- Porque não? Ele indaga.
- Você estudar sozinho não me dá o menor futuro...(mais risos)
Daí começamos a conversar sobre os asuntos mais diversos. Ele desiste de estudar. Afinal, comigo falando pelos cotovelos do lado quem consegue?
(A essa altura, nós já estávamos na bendita putaria de carinhos e cafunés...)
Papo vai, papo vem, eu senti ele meio tenso.
- Você quer uma massagem?
- Pô, já é!
Subi nas costas dele, e massageei cada ponto daquelas costas brancas e lindas com um vigor que só um macho de verdade sabe fazer.
A essa altura, o meu pau já latejava de tanto tesão.
Eu com toda a cautela do mundo pra não avançar nenhum passo sem ter absoluta certeza até que ponto seria permitido...
* * *
Mexe qualquer coisa dentro doida...
Caetano Veloso

domingo, 19 de agosto de 2007

Certas coisas

Eu lembro que o Léo e eu tínhamos uma espécie de acordo não-declarado.
Sim, mais ou menos isso, porque quando não estávamos a sós (ou com a certeza que iríamos estar a sós por algum tempo); ou ainda mesmo que não houvesse ninguém num raio de dez metros, no mínimo, a gente nem tocava no assunto.
Só quando estávamos dividindo a mesma cama de solteiro ou o sofá de três lugares cuja estampa combinava perfeitamente com o olhar dele (rsrsrsrsrs).
E não era por cinismo, cara de pau, canastrice, falta de vergonha, ou excesso de vergonha, não. Simplesmente o assunto não surgia.
E essa cumplicidade marcou bastante aqueles dias, fazendo-os únicos, sinceros, inesquecíveis e imortais...
* * *
Não existiria som se não
houvesse o silêncio...

Lulu Santos

sábado, 11 de agosto de 2007

Eu sei

Um dia, finalmente a gente saiu do zero a zero.
-Você é viado? Ele pergunta.
Ele me disse que parecia que eu gostava de perceber que ele estava excitado.
Não aguentei.
Caí no riso.
Ele com o rosto mais sério, me pergunta:
-Qual a graça?
-Nada, só que eu acho natural que dois homens trocando carícias numa cama venham a ficar excitados, sem necessariamente ter que transar depois. Até porque a gente não tá fazendo nada demais.
Continuamos a putaria de cafuné pra cá, carinho na barriga pra lá, e ele, do nada, tira o short de uma vez.
Eu, com a cara mais cínica, pergunto:
-O que é isso, Leo, coloca esse short.
-Qual o problema?
Foi o mesmo que não dizer nada.
Pega o meu pau, começa a masturbar, o que meio perplexo, sem acreditar no que estava havendo, eu também faço.
Aí então o interfone toca.
O outro amigo chega e a farra acaba.

* * *
Sexo verbal não faz meu estilo...

Legião Urbana

sábado, 4 de agosto de 2007

Queixa

...E, cada vez mais amigos, Leo e eu passamos a não nos importar com certas brincadeiras, comentários e gestos bilaterais, até mesmo comum na nossa profissão onde homens tinham de abrir mão de certas distâncias sendo muitas vezes mais amigos que em outros labores.
Era engraçado porque eu chegava, e nos perguntávamos como havia sido o dia e esse tipo de coisas.
Passávamos a mão um na bunda do outro e no pau do outro de vez em quando. Cantadas na cara dura, mesmo. Nunca levadas a serio.
Eu sempre fui muito paternal e um tanto carente depois que saí de casa. Ele com uma história familiar muito parecida com a minha, até os mesmos erros dele eu cometi depois, e essa paternalidade / fraternidade que eu fazia questão de demonstrar dessa forma foi evoluindo aos poucos.
Lembro que deitávamos na mesma cama de solteiro pra conversar bobagens do cotidiano, eu adorava fazer e receber cafuné e ele se acostumou a isso. Tudo natural como dois irmãos deveriam ser. Até que um dia...

* * *

Um amor assim delicado nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado apostar na alegria...

Caetano Veloso