sábado, 30 de janeiro de 2010

Virgem

A minha útima namorada era virginiana.

Por isso mesmo, visceral ao extremo. Foi a única que abertamente soube da minha condição de ser bi. Numa bela noite, eu, atacado, cheguei pra ela e perguntei:

-Você quer mesmo namorar?

Estávamos decidindo se reatávamos namoro ou não. E descarreguei todas os motivos por eu ser bi. Ela não aguentou. Depois da discussão saiu da minha casa irada, retornando, dias depois.

Pra minha surpresa e espanto geral da nação ela topou.

O que maias a incomodava, no entanto, não era o fato de eu ser bi. Ela tinha medo que eu a usasse de fachada, transmitisse doenças a ela, que eu fosse promíscuo, ou ainda, que eu me apaixonasse por outro cara e a trocasse por esse suposto ele.

Situações infundadas, claro. E naquela época o que me orientava nesse setor homo da minha sexualidade era pura e simplesmente o tesão.

Houve um estopim para o término.
Ela, num ataque de fúria, querendo discutir relação e eu a estava evitando, me xingou de viadinho pra baixo, no meio da rua, quase em frente ao nosso prédio. Apertei o passo e a deixei falando sozinha. Não havia o que argumentar com uma mulher irada me xingando Às 19h em via pública.

Daí em diante não houve mais clima a não ser pra algumas transas casuais que não foram muitas.

Ela pediu desculpas perante a espiritualidade que a incumbiu de ler livros e dá-los a mim depois de os ler sem fazer nenhuma consideração. Castigo light, creio eu.

Cortei relações em definitivo, falei com ela por preocupação quanto ao pé uma outra vez e agora, essa semana, sentamos pra conversar. Sobre a troca de síndico do nosso prédio, amenidades, namoros e claro, sobre nós dois.

Ela me perguntando meio em afirmativa que eu não guardava mágoa de ninguém.

Acho que ganhei uma nova amiga.

***

Um metro e sessenta e cinco de sol,
e quase um ano inteiro os dias foram noites
noites para mim...
O girassol; IRA

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O melhor pra nós dois

Eu pedi muito mesmo ao Papai-do-Céu que me desse uma pessoa especial com a qual eu pudesse me casar e ter filhos. Constituir família. Que conhecesse meus medos e necessidades e que me apoiasse em todas as minhas decisões.

Ele me deu. Há sete anos. E esse anjo tornou-se referência para todos os meus relacionamentos futuros. Eu a perdi por idiotice e precipitação em cima de meus erros.

Por ser referência, acabou sendo um entrave, um fantasma de perfeição assombrando meus namoros futuros. E fraco, decidi me afastar. Comuniquei a ela que estava me fazendo mal e cortei relações em definitivo. E-mail, orkut, msn, telefone, o novo endereço eu nunca tive, então foi mais fácil estar em Vila-velha e não a procurar.

Quebrei o silêncio aqui. Me prometi não mencioná-la nesse blog. Mas hoje o faço.

Éramos duas crianças brincando, perdidos num paraíso sem fim de tardes a dois.

Com o consentimento da minha melhor sogra até hoje, ficávamos os dois num namoro gostoso, descobrindo o prazer e a sexualidade. Cada curva do seu corpo eu conhecia em minhas dedos, cada pelo em sua pele eu sabia bem o gosto. Um anjo moreno, virgem, com seios perfeitos, bunda na medida das minhas mãos e um sexo que era doce de tão bom.

Eu demorei mais de um ano pra admitir verbalmente que a amava. Insegurança, acho.

Amei. e no fundo, ainda amo.
* * *
Entre razões e emoções, a saída
É fazer valer a pena
Se não agora, depois, não importa
Por você, posso esperar
Razões e emoções; NX ZERO