sábado, 22 de outubro de 2011

E então?

Acordo de cavalheiros? Pacto amigável entre as partes? Amizade colorida.
Incomodava-me deveras não estar apaixonado. É algo que não há culpados, eu sei. Mas não menos incômodo por isso. Sou acostumado a me apaixonar, ser correspondido talvez e quem sabe depois namorar. Necessariamente nessa ordem. Até então.
Depois de quase dois meses que estamos saindo (de um modo nada sutil e até um tanto indelicado – por telefone) eu perguntei à queima roupa:
– Você tá apaixonado?
–... É. Meu gato, não.
–Eu também, não. Então, o que a gente está fazendo juntos? Passando um tempo? (...)
–... Tá, tudo bem. Você quer terminar?
–Não sei. Isso tudo é algo que temos que sentar e conversar face to face, não pra ser debatido por telefone.
Encontrei-o no sábado seguinte, levei de presente uma imagem do Sagrado Coração de Jesus (a dele faltava um braço e um pedaço da auréola estava quebrado). Sentamos na pastelaria do Adão, na Lapa. Mas eu não quis “petiscar” nada. Só mordi um pedaço do pastel doce dele de chocolate com morango batizado de AMOR; doce, quente e algumas vezes enjoativo. Rimos.
Conversamos muito mesmo pra tentar nos conhecer. Os motivos dele pra não se deixar envolver. A minha vontade de namorar. Ele não é capaz no momento de evoluir nossa relação. Eu quero algo a dois. Algo que um dia eu possa chamar de namoro. É uma pena deixar que algo legal se perca por não sabermos nominar.
Daí eu perguntei: e se eu conhecer alguém que esteja disposto a assumir um namoro?
Ouvi: Sendo assim, meu gato, eu só terei que lamentar.
Não sei se eu gostei da resposta. Gostamos da companhia um do outro e tem sido bom ver no que dá. Decidimos ser desse modo e já se passou mais de um mês desde então.
É engraçado porque tudo tem cara de namoro, só não foi rotulado como tal. A cama é excelente, o papo super agradável, os gostos são parecidos. Ele conhece os meus amigos, eu os dele. Ele não pôde ir ao Rock in Rio, mas me ajudou a trazer a minha mãe como companhia, e como presente de aniversário pra ela. E quando eu chego de viagem, é pra quem eu ligo pra matar saudades. Estive em Natal. Agora estou em Vitória e ele se faz presente nem que seja por torpedos de celular. É a primeira pessoa quem lembro quando quero ir ao Teatro, ou jantar com os amigos.
Não sei até que ponto isso é saudável pra mim. E torna-se páreo duro pra qualquer outro ser tão interessante quanto ele...
* * *
Que saber? Quando é assim, deixa vir do coração...
Se; DJAVAN