quarta-feira, 22 de junho de 2016

Anjo Gabriel

O anjo era mais novo que eu. 

Talvez por isso, mais inseguro, embora um tanto maduro devido às dificuldades que só uma família repleta de peculiaridades pode proporcionar. 

Entretanto a imaturidade era refletida num excesso de carência. Do tipo que incomoda. 

Eu aprendi com a vida (de forma totalmente equivocada) a me negar o direito de ser romântico. Eu era demais, confesso. Do tipo que se apaixona por um beijo e construía relações que só existiram na minha mente fértil. Eu não me deixei iludir. Eu iludi a mim mesmo, numa tentativa de me sentir amado. 

Se coloque no meu lugar: numa cidade estranha, sem amigos de infância, sem família, sem referencial algum e saindo do armário. Qualquer um que me desse um pouco de carinho ainda que momentâneo era sério candidato a Príncipe Encantado.

Dado o breve "essa é minha vida", algumas pessoas que se sucederam tiveram de mim aquilo que, em dado momento, o que pude oferecer. 

Com o anjo não foi diferente. Como disse ele externava um carinho que me incomodava. Talvez eu tivesse me esquecido como era receber carinho de alguém. 

Por algumas vezes ele tentou terminar, por algumas vezes eu consegui reverter. Até o dia em que ele teve sucesso... Garoto de fibra, mas nem ele aguentou. 

* * *
Chega perto e diz: anjo... 
Anjo; ROUPA NOVA