sábado, 28 de julho de 2007

Andrea Doria

Outro dia, em plena Presidente Vargas com Uruguaiana, lembrei do meu primeiro dia efetivo no Rio. Foi o primeiro dia em que eu e o Leo saímos pra conhecer as imediações. Era um domingo, não conhecíamos nada, o trânsito não existia. Queríamos chegar em um Shopping.
Lembro que vagamos sem rumo pelas ruas vazias até que decidimos pegar um ônibus, seja lá pra onde fosse. E encontramos um shopping finalmente.
Eu, sempre tomando as rédeas fui visitar um apartamento de um amigo e decidi ficar lá. Ele, gostou da idéia e resolveu ficar também.
Aquele misto de incerteza que já me acompanhava desde o último dia de internato / primeiro dia de Rio de Janeiro, se tornava um pouco mais próximo. Agora dando lugar a uma certeza. A de estarmos sempre juntos.
Tinha início a nossa vida de irmãos, dividindo obrigações, despesas, alegrias e incertezas, agora cada vez mais íntimos...

* * *

"Às vezes parecia que de tanto acreditar
em tudo que achávamos tão certo..."

Legião Urbana

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Memórias

Ontem, no trabalho, um amigo meu - 20 e poucos anos, moreno mais claro que eu, olhos cor de mel, mais ou menos 1,70 de altura, sarado e lindo - me lembrou de quando eu era interno. Era o que eu sentia com o Leo Jaime* - Leo, a partir de agora.
Eu lembro que o imaginava perto de mim, me tocando durante o banho. E quando íámos tomar banho, no vestiário, eu ficava olhando aquele corpo que não tinha nada de atrativo, mas que me fazia tremer só de olhar.
O ano terminou e nós tivemos de mudar de cidade. Éramos muito amigos mesmo e fomos morar com mais outros três amigos, também do trabalho. E a cada dia me sentia mais próximo dele como se algo existisse a mais do que o sentimento fraterno de dois amigos, quase irmãos...
* * *
"Memórias não são só memórias,
são fantasmas que nos sopram aos ouvidos..."

Pitty

segunda-feira, 16 de julho de 2007

"Carne e osso"

Sempre defini-me hetero até pelo menos os 18 anos de idade apesar de ter tido alguns esporádicos "casos" até esses mesmos 18. Quando comecei a trabalhar tive outra visão de mundo, saí de minha cidade que, embora capital, não se compara ao Rio de Janeiro com outro estilo de vida totalmente diferente. Independente, comecei a me relacionar com outras pessoas do mesmo sexo. E também com uma mulher que eu amo completamente. E que perdi das mãos.
No início foi bem difícil, um pouco traumático pois, tive de lutar contra antigos dogmas e pudores, lutando comigo mesmo, contra mim, contra minha vontade e meu desejo. Ciente que sempre conheci essas sensações. Os conceitos em si eu já conhecia mas, adotá-los efetivamente convivendo com eles de maneira mais livre e democrática em minha mente só o fiz com 21 anos.
E aos 21 passei a me divertir, curto bastante a minha vida hoje em dia e acho que sei o que gosto ou ao menos o que não gosto. É uma sensação estranha que toma conta de mim e ao mesmo tempo é excitante, muitas vezes nova. Bocas, sorrisos, olhares, rostos, corpos, tudo irreconhecivelmente familiar...

* * *

"A alegria do pecado a vezes toma conta de mim
e é tão bom não ser divina..."

Zélia Duncan e Moska