terça-feira, 31 de maio de 2011

Preconceitos (ou Vida de Princesa)

Sei que tenho preconceitos.

Acho que todo mundo os tem, se não todos, a maioria das pessoas.

Percebo isso em pequenos fatos na minha própria vida. Na verdade acho que tenho mais preconceito comigo mesmo que com os outros.

Há uns quinze dias estive em Santos a trabalho e na primeira oportunidade de um dia livre me mandei pra Sampa. Como o Rick está sempre ligado no que acontece em termos culturais à nossa volta, perguntei a ele o que eu poderia fazer pra me divertir lá.

Ele me sugeriu ir à FAAP assistir a exposição da Gracie Kelly. Torci o nariz. Programa de bichinha, ver os vestidos de uma princesa que eu sequer conhecia a história, apenas tinha ouvido falar que existiu. Fui então, mais pela FAAP, pra conhecer o lugar que eu só tinha visto na TV, na novela das sete, aquela dos dois costureiros rivais de infância (isso, sim, coisa de bichinha, né?).

Primeiro a surpresa. Não se pode fotografar nem a fachada da Fundação, uma vez que há muitas obras expostas no Jardim e há a preocupação com os direitos autorais. Correto, mas frustrante. Ainda bem que já tinha tirado pelo menos uma foto e (vergonha) tirei escondida uma foto dos vitrais que ficou sem foco (castigo).

A exposição me surpreendeu. O que julguei ser uma exposição fútil, sobre os vestidos de uma tal princesa, revelou a personalidade de uma atriz de cinema que conheceu um príncipe com o qual se casou e não se distanciou dos amigos do meio artístico por conta disso. Mostrou também a intimidade de uma família Real, como não vemos comumente a exemplo da Família Real britânica, que se fecha nas paredes do Palácio e só sabemos de escândalos, e acontecimentos, como o casamento noticiado recentemente.

A mostra inicia com os anos de Gracie como membro de uma típica família americana, bem antes de se tornar atriz. Segue-se com os anos no cinema como a musa de Hitchcock, de quem era amiga pessoal e cujas gravações de filmes a levaram a Mônaco, principal motivo de sua ida ao Principado.

Conta, praticamente em detalhes, incluindo o vestido que usava, o encontro rápido e intenso com o Herói de Guerra, ao qual se seguiu uma troca de cartas através das quais puderam se conhecer um pouco melhor.

Expõe trechos do casamento, televisionados pela Europa; o vestido de casamento, confeccionado pela empresa cinematográfica como item da rescisão contratual, entre outros detalhes das cerimônias.

A partir daí revela o glamour da embaixadora da Cruz Vermelha daquele Estado Autônomo, com seus bailes beneficentes e temáticos, mostrando o lado belo da Realeza da qual agora faz parte. Glamour identificado através dos vestidos e cenários das inúmeras festas filantrópicas que promovia, afastando a imagem de futilidade que eu julguei ver, com todo o meu preconceito.

Desvenda a vida familiar e social, nos muitos churrascos à beira da piscina, na companhia dos filhos e junto dos amigos do meio cinematográfico com os quais faz questão de manter contato. E que rendem filmes familiares onde podemos vê-la bem à vontade como gente comum no abrigo do lar. O que era raro em vida, pois sempre havia a preocupação em manter a individualidade e a privacidade dos filhos.

Enfim, mostra alguém mais do que fútil, como eu, preconceituosamente supus. Mostra um ser humano que por felicidade da vida casou-se com um príncipe, e viveram felizes para sempre ou até que a morte os separou...

Um comentário: