sábado, 5 de abril de 2008

Ciranda, cirandinha

Entre o preto e o branco existe o prata: um cinza zinho metido a besta meio gay que adora brilhar.
E é em tons de prata que "Maré, nossa história de amor" de Lúcia Murat, espremido entre azul e vermelho na briga das facções rivais de cores citadas, que o filme se desenrola, com uma fotografia avessa ao claustrofóbico "Cidade de Deus", de Walter Salles, mostrando que há alegria no olhar jovem de uma favela, mesmo que esta seja o Complexo da Maré.
Nota dez em divulgação, se mostra ainda na entrada do cinema, com meninas negras distribuindo jornal "making off" do filme com entrevistas com atores, feito inédito no cinema brasileiro até então.
Analídia (Cristina Lago), filha de um traficante preso, apaixona-se por Jonatha (Vinícius D'Black), MC da comunidade e irmão de Dudu (Babu Santana), traficante da facção rival à do pai de Analídia. Os dois se conhecem em um baile funk, mas realizam a paixão até os últimos momentos do filme no grupo de dança Fábrica, cuja professora é Fernanda (Marisa Orth), esta indefectível em sua atuação que nos faz perceber porque é considerada uma de nossas melhores atrizes da atualidade e cuja experiência em dança nos retorna um "Ciranda, cirandinha" único e adaptado ao enredo singular inspirado livremente na obra de Romeu e Julieta.
A música oscila entre árias de Sergei Prokofiev, hip hop, funk, e samba, impecábilíssima, extremando momentos de alegria intensa e de conselho à juventude bem como críticas na sequência na Linha Vermelha onde os atores dançam entre carros num engarrafamento.
Final surpreendente.
Irretocável.
* * *
...Vamos dar a meia volta,
volta e meia vamos dar...
Cancioneiro popular

3 comentários:

  1. Porque será que a mídia não apresenta coisas boas belas e de tão grande qualidade?
    Abraços

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  2. Obrigado por publicar algo sobre esse filme.
    Eu, sinceramente, não o conhecia. Nunca tinha ouvido falar.
    Agora, mais que nunca, quero ver

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