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Estranho como se demora tanto tempo pra achar alguém legal, bonito, disposto a um relacionamento a dois, certinho, dentro dos padrões de monogamia e fidelidade raros na vida gay/bi. Mais estranho ainda o quanto esses momentos são efêmeros.
O Loui estava me levando nesse caminho a dois. Eu mencionei do meu emprego, de passar um mês viajando a trabalho, de repente três, e mais raro porém possível, seis meses viajando a trabalho.
Estopim. Junte isso a oportunidade dele viajar a trabalho num cruzeiro.
Trinitrotolueno. Nitroglicerina pura.
Sexta ele deu a desculpa de que sábado dobraria de horário na loja onde trabalha. Sábado à noite alegou cansaço e que não seria boa companhia a ninguém.
Mandei um torpedo: "Tá tudo bem, mesmo?" E liguei no celular do melhor amigo dele. Ele disse estar sem crédito, falou da tal entrevista para o trabalho do cruzeiro e tal. Acrescentou que dadas as circunstâncias, ele podendo se distanciar e eu mais ainda, pra que não ficasse mais difícil no futuro não nos ferirmos com um possível término. E que também tava focado na carreira e tal.
Complexo.
Atenuou, ou melhor, tentou atenuar dizendo pra eu não sumir, não ficar sem se ver mas, te confesso, meu jardim, que eu já estava me envolvendo, e não sei lidar com essa de se ver, se curtir sem se envolver. De ficar sem ser possível se amar.
E ele nem chegou a conhecer os meus segredos...
Quer água, meu jardim?
Eu preciso de um bom banho...
* * *